sábado, 5 de novembro de 2011

Magia da Abóbora

Abóbora No conto de Perrault, Cinderela, a fada madrinha diz à moça: "Vá ao jardim e traga-me uma abóbora." Cinderela foi imediatamente colher a mais bela que encontrou e a trouxe à sua madrinha, não podendo adivinhar como essa abóbora poderia levá-la ao baile. Sua madrinha a cavou e só tendo deixado a casca bateu nela com sua varinha e a abóbora logo se transformou numa bela carruagem dourada.
Nos Estados Unidos, no Halloween, esvaziam-se também as abóboras, mas para fazer com elas enormes cabeças vermelhas, com olhos e uma boca enfeitada de dentes pontudos, dentro das quais coloca-se uma vela. As crianças, fantasiando-se de esqueleto, com os ossos pintados de branco sobre uma roupa preta, escondem seus rostos numa abóbora esvaziada. Essas figuras grotescas não são nada menos do que fantasmas, porém exorcizados, pois Halloween que vem de hallow, "consagrar, santificar", se festeja na véspera do dia de Finados, a festa dos mortos; outrora acreditavam que eles voltavam à terra nessa data. Ora, a volta dos defuntos, que repousam sob a terra com as sementes que mais tarde germinarão, anuncia, na entrada do inverno, a promessa do renascimento primaveril. Por isso, outrora na Bretanha as abóboras guardavam uma relação com a Ressurreição; dizia-se que os grãos que eram semeados na sexta-feira santa davam pés de abóbora grandes como carvalhos. Se a abóbora é o símbolo da abundância e prosperidade, não é apenas porque ela é o maior dos frutos da terra mas porque ela está cheia de inúmeras sementes, embriões de uma vasta descendência. Esta é a razão pela qual a consideravam, na China, como o primeiro dos legumes, o imperador dos vegetais. Os tai do norte do Laos chegavam a ver nas abóboras, presas pelo talo que formava o eixo do mundo, o lugar de suas origens. Esses frutos continham todas as raças

humanas, todas as variedades de arroz e o texto de todas as ciências secretas. Fonte de vida, a abóbora era por isso o símbolo da regeneração e para os taoístas suas sementes eram o alimento da imortalidade. Elas deviam ser consumidas na primavera, quando predomina o yang. Que esse simbolismo seja universal prova o que, em seu De orbe novo (1527), já contava Pierre Martyr sobre as crenças de certos índios da América, que viam na abóbora o ovo cósmico de onde teria saído o mundo. O mais curioso é que não se conhece com certeza a pátria das cucurbitáceas. Segundo as hipóteses mais recentes, elas teriam sido cultivadas há muito tempo na América: a abóbora-menina (Cucurbita maxima) seria originária do Brasil, a abóbora-moranga (Cucurbita pepo) do México; quanto ao cabaceiro-amargoso (Lagenaria leucantha), foi por vezes encontrado em grande quantidade, nos túmulos peruanos pré-colombianos. Porém não se sabe como nem quando as cucurbitáceas chegaram à Europa e muito menos de que maneira o cabaceiro foi cultivado na China antes do século I a.C. Seriam de se supor relações antiquíssimas entre o Extremo Oriente e o Novo Mundo.

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